Meditação dos sábios egípcios
Do conhecimento médico e
filosófico dos sacerdotes do antigo Egito, o kabash, chegam práticas para você
ganhar mais disposição e equilíbrio.
TEXTO: MARISA MAREGA
Fortalecer a autoestima,
alcançar a paz interior, prevenir e tratar problemas de saúde. Essas questões
tão atuais já preocupavam os sacerdotes médicos do antigo Egito há 3,8 mil
anos. Eles dispunham na época de um vasto conhecimento sobre saúde e espiritualidade,
que reuniram na filosofia do kabash, por meio da qual não apenas procuravam
explicar a existência do homem na Terra mas também promover o equilíbrio físico
e emocional. Os sacerdotes consideravam o homem de um ponto de vista holístico
– associando corpo, mente e espírito – e faziam também sua relação com os
astros e a natureza. Desde aquela época, por exemplo, entendiam que o segredo
para manter a saúde e a juventude era manter os níveis hormonais por meio da
meditação e da alimentação saudável.
O apogeu desse
conhecimento aconteceu há 3 550 a.c. anos, no reinado do faraó Amenófis IV
(1364-1347 a.C.), quando uma revolução social e religiosa implantou no Egito o
monoteísmo – o culto a um deus único. “Para conquistar o povo à devoção de
Aton, o rei abriu as portas dos templos, e parte do conhecimento dos sacerdotes
se popularizou, incluindo noções de nutrição, higiene e equilíbrio de energia”,
explica Ana Paula Garrido, coordenadora do Instituto Nefru, que divulga o
kabash em São Paulo.
Canalizar a força mental
Os ensinamentos dos
sacerdotes egípcios foram se perdendo ao longo dos séculos e permaneceram
apenas em pequenos grupos. Um dos principais responsáveis por seu resgate é o
uruguaio Manuel Berniger Litman (mais conhecido como mestre Rolland), que estuda
o assunto há três décadas. Hoje, essa filosofia é ensinada em três institutos:
além do localizado em São Paulo, há um em Montevidéu, no Uruguai, e outro em
Buenos Aires, na Argentina. Entre as práticas dessa sabedoria, a mais
importante era uma meditação chamada dabraká. “São combinações de letras nas
quais a pessoa se concentra para canalizar a força mental e espiritual a fim de
gerar vitalidade para as necessidades do dia-a-dia”, conta Ana Paula, que
pratica o kabash há 15 anos e é discípula de mestre Rolland.
Essa meditação demora
apenas alguns minutos e obedece aos ciclos da natureza. As técnicas voltadas à
saúde física são feitas pela manhã, porque aproveitam a energia vital do Sol,
enquanto as focadas no equilíbrio emocional funcionam melhor à noite, quando a
Lua exerce influência sobre as emoções.
“Bastam cinco minutos
diários dessa meditação para levar a um profundo contato interior, capaz de
trazer benefícios para todas as áreas da vida”, completa Ana Paula. A
administradora de empresas Mara Regina Cunio, 32 anos, confirma: “Depois de
dois anos de prática, percebo que estou mais concentrada, organizada e lido
melhor com o estresse”.
Duas práticas para ficar bem
As meditações do kabash,
chamadas de drabaká, apaziguam a mente e aliviam a ansiedade. Os especialistas
recomendam a prática diária em um lugar tranquilo.
Mushet
Esse dabraká é útil para combater o estresse.
Pode ser feito três vezes ao dia: ao acordar, antes do almoço (o estresse chega a prejudicar a assimilação dos nutrientes) e à noite, antes de dormir. Em pé, virado para o leste – a direção onde o Sol nasce –, feche os olhos, cruze os braços na altura do peito (com o braço esquerdo sobre o direito) e mentalize as palavras mu shet (que quer dizer aliviar tensões) durante três minutos.
Mishalá
Indicada para situações difíceis e frustrações. Deve ser feita antes de dormir, para que o estímulo de paz continue ativo durante o sono e no nível inconsciente — na qual costumamos cristalizar os sentimentos mal resolvidos.
Sente-se no chão e, se preferir, acenda uma vela (símbolo da espiritualidade). Mentalize a palavra mishalá (que quer dizer “elaborar as situações destrutivas”) por três minutos, repetindo sucessivamente: mishalá, esquecimento; Mishalá, paz; mishalá, bálsamo para minhas feridas.